Ela era solitária demais. E só queria uma companhia pros dias frios, chatos e entediados. Sem muito esforço, e nem precisar solicitar. Vir assim, naturalmente. Falava pouco, e por isso no momento em que parava para falar. Fazia questão de prestar atenção, e não deixar passar nenhuma sílaba. Mas seu silêncio também. Aquele silêncio que diz, mas não diz. Não gostava de sua maneira de nunca se expressar com nada. Era silenciosa, misteriosa, escondia segredos. Gostava da maneira sutil e delicada com que demonstrava algumas coisas. Claro que, sem perceber, pois se percebesse, não o faria. E muitas vezes aquilo poderia ser o suficiente. Não gostava de seu jeito fechada de ser, mas se protegia com essa armadura criada por tal. Era uma menina que esbanjava um brilho no qual ela mesmo desconhecia. Fechada em seu mundo, trancada em quatro paredes ela se perdia em pensamentos iguais, de sentimentos iguais e em seu peito, aquele silêncio que transbordava, gritava-se mudo. Ela, em seu pequeno mundo, se fazia a pular e para os outros, apenas andava. Ela transparecia uma falsa realidade de seu interior. Ela queria apenas um sorriso sincero que pudesse lhe estampar o mesmo. Ela só precisava de um olhar acolhedor e de um abraço cheio de palavras. Ela só necessitava de um ombro amigo, mas que fosse mais que um amigo, um companheiro fiel. Era um doce amargo, e um amargo tão doce. Ela tirava de seus próprios pontos fracos a força de que tanto precisava e sem saber desse dom, de fraca ela mesma se denominava. Era uma menina doce, amarga, áspera e tão macia. Era contraditória, e com suas certezas nasciam mil incertezas. De um labirinto sem fim ela se fazia, de um enigma complexo ela nascia.

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